DEPRESSÃO NA INFÂNCIA: uma triste constatação

Muitos se perguntam se é possível existir depressão na infância e muitos se espantam com esse questionamento tendo-se em vista que tal pergunta aparenta ser um contrassenso, uma vez que supostamente se trata de uma fase da vivência humana onde aparentemente impera a presença da ludicidade e da alegria desmedidas, sem espaço para a existência de problemas de qualquer ordem.

 

No entanto, a contingência nos faz admitir exatamente o oposto dessa consideração. Inúmeros são os fatores, situações e quadros traumáticos (questões de ordem psicológica e emocional, brigas e/ou separações, violências sofridas, perda de um ente querido, mudança de escola, de cidade, de casa, dentre outros fatores que geram instabilidade) que afetam a todos em maior ou menor grau ocasionando estados depressivos diversos e os pequenos não estão imunes a estas circunstâncias indigestas.

 

A depressão na infância é uma lamentável realidade que acomete crianças de diversas faixas etárias, de todas as classes sociais, em todas as nações. Fato é que ainda em tenra idade muitas delas são confrontadas por problemas reais ou imaginários persistentes, que se fazem presentes por períodos duradouros gerando quadros recorrentes de ansiedade e inquietude, os quais podem eclodir em estados psicossomáticos e/ou psiquiátricos críticos, muitos deles irreversíveis. Mas é possível ficar atento aos sintomas e antecipar ações de prevenção e combate à doença.

Sinais de depressão na Infância

 

Os estados indicativo da depressão podem ser percebidos pelos responsáveis por meio do registro da presença permanente de expressões de tristeza, medo e desencorajamento, da falta de motivação para a realização das tarefas diárias, diante da demonstração da ausência de concentração e de interesse por assuntos e/ou atividades anteriormente consumidos com avidez, pelo registro da perda de memória, de apetite (anorexia) e de sono,  pelo descuido corporal e pessoal registrando comportamentos de extrema obediência e/ou submissão além de evidenciarem sentimentos de rejeição, culta e fobia, assim como atitudes autopunitivas e sentimentos de inutilidade que podem fomentar ideias suicidas.

 

Esses, dentre outros sintomas, geralmente são manifestados pelos pequenos em consequência à percepção de um dado sofrimento vivenciado e/ou da compreensão da solidão enfrentada. Consequentemente, diante da constatação dessas situações adversas os seres humanos em tenra idade são acometidos de depressão com força similar ao modo como essa anomalia se dá em adultos, de maneira tal que – segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-V) – os mesmos critérios utilizados para diagnosticar a ocorrência da doença em adultos são aplicados na detecção da depressão infantil.

 

Dado inquestionável é que a depressão interfere de maneira drástica no bem-estar e na qualidade de vida de qualquer indivíduo, sendo ainda mais radical no caso infantil, uma vez que esses pequenos rebentos, na maioria dos casos, não estão física, mental e nem emocionalmente preparados para lidarem com determinadas situações, exporem ocorrências indesejadas e buscarem por soluções efetivas.

 

Por essa razão, as relações familiares, as amizades e a performance escolar se vêem comprometidas. Sem contar no risco iminente de surgirem distúrbios bipolares nos quais se alteram fases de depressão com outras relacionadas à manias, à euforia associadas a comportamentos de risco. Donde ser imprescindível a compreensão e atuação dos responsáveis no sentido de encontrar maneiras de extirpar a doença o quanto antes, principalmente em tempos pandêmicos como os atuais.

 

A COVID-19 e a depressão infantil

 

Estudos desenvolvidos no departamento de psicologia da Universidade de Calgary, pela Profa. Dra. Sheri Madigan e sua equipe de pesquisadores, apontam que durante a pandemia da covid-19 os índices de depressão e ansiedade nas crianças dobraram em comparação aos níveis pré-pandêmicos.

 

Esse resultado corrobora a percepção de que a crise mundial de saúde instaurada pelo coronavírus favoreceu uma crise global também de saúde mental entre a população mundial atingindo incisivamente as crianças, provocando impactos negativos que pioram dia após dia.

 

Tais pesquisas creditam ao isolamento social persistente, aos problemas financeiros, à crise familiar, às interrupções escolares prolongadas com a consequente perda das interações sociais com os colegas, à perda dos marcos de estabilidade, dentre outras ocorrências similares, a responsabilidade pela ampliação dos casos de depressão infantil na atualidade.

 

Mais do que nunca se faz crucial buscar por ajuda especializada, seja de terapeutas comportamentais que auxiliarão os pequenos a lidarem com as rotinas buscando extrair delas prazeres possíveis, criando relações interpessoais mais harmônicas, além de oportunizar a criação e modificação de padrões cognitivos que podem conduzir à depressão.

 

Buscar por terapias interpessoais também tem se mostrado uma boa opção. Ensaios clínicos têm apontado essa como uma boa opção para lidar com a depressão infantil porque por meio dela o paciente aprende a lidar com as dificuldades enfrentadas no dia a dia no que diz respeito por exemplo à perda do convívio com pessoas queridas e aprende a lidar com decepções e frustrações ocasionadas por fatores contingentes dos quais não se tem controle algum.

 

Essas são apenas algumas opções de tratamento disponíveis, mas o crucial é ter em mente que a depressão infantil é uma ocorrência real e significativa nos dias atuais, fato que evidencia a necessidade de que os pais, avós e/ou os demais adultos responsáveis pelas crianças mantenham atenção constantes aos sintomas apresentados de modo a atuarem antecipando e extirpando as possíveis ocorrências que possam desencadear estados depressivos. A atenção aos sintomas também é relevante porque favorece o diagnóstico preciso e a implementação de um tratamento correto e em tempo oportuno de modo a extirpar ou pelo menos mitigar o sofrimento infantil e de todos os envolvidos na situação.

 

REFERÊNCIA

 

Saiba o que é terapia comportamental e quando utilizá-la. Disponível em: <encurtador.com.br/mwW28>. Acesso em 28 jan de 2022.

 

Depressão e ansiedade entre jovens dobraram durante a pandemia, revela pesquisa. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/depressao-e-ansiedade-entre-jovens-dobraram-durante-a-pandemia-revela-pesquisa/>. Acesso em 28 jan de 2022.

 

Depressão na infância: um estudo exploratório. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/pe/a/JLzrCdvLvXmStGxKhrnBdvn/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em 28 jan de 2022.

 

Existe depressão na infância? Disponível em: <https://institutobhfuturo.com.br/existe-depressao-na-infancia/>. Acesso em 28 jan de 2022.

 

Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-V). Disponível em: <http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf>. Acesso em 28 jan de 2022.

Comece a ajudar!

Sua ajuda é muito importante!

Clique na forma de pagamento que preferir:




Você pode fazer uma doação por PIX

Captura de Tela 2022-03-07 às 15.05.35

Se preferir você pode doar creditando na conta do Instituto BH Futuro:

Transferência direta – Banco Santander

DADOS BANCÁRIOS
Instituto BH Futuro, CNPJ 28.247.706/0001-71
Banco Santander (033), Agência 4275,
Conta corrente 13005159-8