Educação na pandemia e as desigualdades socioeducativas
As medidas de distanciamento social para impedir a disseminação da nova Covid-19 imergiram toda a sociedade civil no que é chamado “novo normal”. Isto representa a ressignificação de espaço, tempo e convívio presencial, que seguindo com urgência as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), não tiveram tempo útil para um plano B e viram nos protocolos de isolamento um grande impacto em suas interações com o público.
Esta nova realidade afetou também os setores de educação Básica, Fundamental, Universitária e até Cursos Técnicos. Para a não paralisação da educação e formação de alunos, uma nova modalidade de ensino à distância foi implantada em setores de educação pública e privada.
Regulamentada há mais de 14 anos, o ensino remoto ou ensino à distância (EaD) já superou todos os índices de oferta através de sites, programas, serviços digitais e aplicativos. Quem tinha resistência ao sistema de ensino online se viu obrigado ao engajamento para conservação da saúde pública. Este período de medida emergencial na educação nacional já demonstra seus reflexos.
Positivamente, as estratégias de ensino à distância são importantes diante dos aspectos negativos do isolamento temporário, beneficiando o desempenho acadêmico com diferentes estímulos na aprendizagem com ferramentas online, navegando num universo de possibilidades de ampliação do ensino.
Estas estratégias visam cumprir mais do que uma agenda acadêmica regular, pois a oferta do ensino remoto diversifica o cenário da aula, integra e envolve os pais, importantes aliados durante esta crise. Porém, órgãos reguladores precisam ter mais ações de atenção e acompanhamento assegurando que seja uma boa experiência, independente de seu caráter urgente, apoiando integralmente pais, alunos, professores e uma necessária equipe técnica.
Em 28 de Abril de 2020, o CNE (Conselho Nacional de Educação) enviou orientações com diretrizes específicas sobre o período de suspensão do ensino presencial, como também sobre as voltas às aulas mesmo no período de pandemia. Com base nos dados e notas técnicas do “Todos pela Educação”, este documento foi enviado ao MEC tratando das amplas possibilidades de ensino remoto, ações de acolhimento e diagnósticos no retorno às aulas presenciais. O texto foi aprovado pelo MEC no dia 1⁰ de junho com a suspensão do trecho sobre às avaliações, que deve ser examinado pelo Conselho.
As avaliações nos sistemas de ensino online e no retorno das aulas presenciais sugeridas pelo CNE, serviriam de subsídio de desenvolvimento no trabalho das escolas, sejam elas particulares neste contexto inédito ou no contexto do esforço das redes de ensino estadual e municipal. Planos de ação mais assertivos garantirão a continuidade curricular e público escolar.
Porém, tal projeto em sua aplicação não teve tanto sucesso. Em 2020, o Ministério de Educação e Cultura afirma não saber o número de alunos do ensino público que são participantes da nova modalidade. Com intenção de reduzir os efeitos da pandemia na educação, muitas instituições não se viram em condições adequadas para transmissão de conteúdo ou viram a qualidade de suas aulas caírem expressivamente.
Para algumas instituições de ensino, a implantação de recursos online não é nenhuma novidade, o que de modo geral acentua a desigualdade socioeducativa do nosso país. Tal impacto emocional nos alunos aponta que aproximadamente 4 milhões de alunos brasileiros entre 6 e 34 anos deixaram as aulas em 2020, o que significa 8,4% de evasão escolar – dados de Pesquisa Datafolha em outubro de 2020.
O cumprimento da carga horária exigida por lei de política educacional não contextualizou as ações no nível da escola e de aprendizagem, além de não fortalecer a relação família-escola e não dispor de recursos tecnológicos entre distintos grupos sociais, e de não suprir os que já possuíam excelente desempenho acadêmico presencial.
A falta de acolhimento deste período descentraliza a atuação do profissional de educação, que, na maioria dos casos, se vê despreparado na gravação e edição das aulas, e, na outra ponta do processo, pais e alunos sem atendimento intersetorial e sem comunicação frequente com a instituição.
O Brasil já não possuía um programa tecnológico contínuo para então assumir como face do processo educativo o ensino remoto. Vale apresentar que ensino à distância não é aula online. Uma rotina educativa frequente, com diversidade de suporte e métodos online, facilitaria a difícil transição acadêmica neste período de pandemia.
Antevendo os sinais educativos pós-pandemia, instituições de ensino e educadores já sugerem o “ensino híbrido”, que possibilitará o melhor dos dois modelos: o virtual e o presencial, com a interação presencial utilizando-se de ferramentas digitais.
O mundo tal qual conhecíamos mudou, tão urgente quanto as medidas restritivas de preservação da saúde estão as medidas qualitativas e quantitativas de formandos no Ensino Básico e Fundamental, bem como no Ensino Universitário e consequentemente profissionais bem preparados para desempenho de suas carreiras.
“O objetivo não é apenas retomar as coisas como eram antes da pandemia, mas corrigir as falhas nos sistemas que há muito impedem as escolas de serem abertas e acolhedoras para todas as crianças”, afirma Elin Martinez – pesquisadora sênior mundial em Educação. O caos na educação está além das fronteiras. Em maio de 2021, 26 países fecharam escolas em território nacional e em outros 55 países permaneceram apenas parcialmente abertos. Estima que 90% de crianças em idade escolar tiveram a educação interrompida no mundo, segundo a UNESCO.
A maior atenção atualmente não se encontra em recursos interativos, mas no retorno gradual ao ensino presencial com todas as precauções de Saúde. Ainda assim não é possível mensurar a que ponto se encontra a qualidade do ensino praticado à distância, um novo desafio se vê pela frente, devido a tantos obstáculos frequentes à educação que só se agravaram no período de pandemia.
O IBHF faz parte dessa trajetória de desenvolvimento e formação das novas gerações e tem acompanhado de perto as mudanças e perspectivas de impacto na vida dos jovens e crianças. Mesmo em meio à pandemia, o Instituto BH Futuro busca assistir seus educandos com conteúdos relevantes de formação, interação e aprendizado.